A Eletrobras é a maior companhia de energia elétrica da América Latina, atuando como líder nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica no Brasil.
A criação da Eletrobras foi proposta em 1954 pelo presidente Getúlio Vargas, um projeto que enfrentou grande oposição e só foi aprovado após sete anos de tramitação no Congresso Nacional. A crescente intervenção estatal no setor de energia elétrica, a consolidação de empresas públicas, como a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf, a Centrais Elétricas de Minas Gerais - Cemig e a Central Elétrica de Furnas - Furnas, e a criação do Ministério das Minas e Energia – MME, em julho de 1960, foram fatores decisivos para a viabilização do projeto.
Em abril de 1961, o presidente Jânio Quadros promulgou a Lei nº 3.890-A que autorizava a criação da empresa, com vetos parciais, notadamente à participação da estatal na fabricação de material elétrico pesado.
O processo de constituição da Eletrobras teve início em outubro de 1961, já no governo João Goulart (1961-1964). Inicialmente, um grupo de trabalho promoveu um amplo levantamento sobre os problemas de financiamento do setor, tendo sido considerada a opinião de cerca de vinte dirigentes de concessionárias públicas e privadas. Em seguida, foi elaborado o estatuto da companhia, tarefa concluída em maio do ano seguinte.
Finalmente, em 11 de junho de 1962, a Eletrobras foi instalada em sessão solene do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica - Cnaee, organizada no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, com a presença do presidente da República. Toda a carteira de aplicações e a administração do Fundo Federal de Eletrificação saíram do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - BNDE, passando imediatamente à Eletrobras.
A legislação facultava a sua atuação direta em empreendimentos de geração, mas desde cedo a Eletrobras assumiu as características de uma holding, controlando inicialmente quatro subsidiárias: Chesf, Furnas, Companhia Hidrelétrica do Vale do Paraíba - Chevap e Termoelétrica de Charqueadas - Termochar.
Ainda em 1962, a Lei nº 4.156 garantiu à Eletrobras o suporte necessário ao financiamento da expansão do setor. A lei transformou o Imposto Único sobre Energia Elétrica - IUEE em tributo ad valorem, protegendo-o assim da corrosão inflacionária. Além disso, instituiu o empréstimo compulsório, cobrado na conta dos consumidores, e inteiramente destinado à Eletrobras.
Em pouco tempo, a holding passou a deter participação, embora minoritária, no capital de numerosas concessionárias de energia elétrica, devido aos financiamentos concedidos via aportes de capital. Operando como núcleo de um conjunto de empresas subsidiárias ou associadas, a Eletrobras pôde desempenhar com maior eficiência sua função de principal agência financeira setorial.
A Eletrobras contribuiu decisivamente para o aproveitamento em larga escala do imenso potencial hidrelétrico nacional e a progressiva interligação dos sistemas elétricos. Além de holding de concessionárias federais, acumulou as funções de principal agência de financiamento setorial e de entidade coordenadora dos programas de planejamento da expansão e operação dos sistemas elétricos do país. Entre as usinas construídas pelas empresas do grupo Eletrobras, merecem destaque as hidrelétricas de Sobradinho e Xingó, no rio São Francisco, Tucuruí, no rio Tocantins, Estreito e Marimbondo, no rio Grande, Itumbiara, no rio Paranaíba, e Salto Santiago, no rio Iguaçu. O financiamento para a construção da usina binacional de Itaipu foi realizado em sua quase totalidade por empréstimos contratados com a Eletrobras.
As reformas institucionais e as privatizações na década de 1990 acarretaram a perda de algumas funções da estatal e mudanças no perfil da Eletrobras. Nesse período, a companhia passou a atuar também, por determinação legal e transitoriamente, na distribuição de energia elétrica, por meio de empresas nos estados de Alagoas, Piauí, Rondônia, Acre, Roraima e Amazonas.
A empresa desenvolveu programas como o Procel (eficiência energética), o Programa Luz para Todos (universalização do acesso à eletricidade) e o Proinfa (incentivo a fontes renováveis). Em 2018, a Eletrobras concluiu sua saída do segmento de distribuição. Nos anos seguintes, a empresa focou na otimização de sua atuação nos segmentos de geração e transmissão de energia elétrica.
Em fevereiro de 2021, a Medida Provisória nº 1.031/2021 incluiu a Eletrobras no Programa Nacional de Desestatização (PND), permitindo a realização de estudos técnicos pelo BNDES para estruturar a operação. A conversão dessa MP na Lei nº 14.182/2021, em julho do mesmo ano, garantiu a autorização legislativa para o processo de capitalização.
O Tribunal de Contas da União (TCU) analisou e aprovou a modelagem da desestatização em duas etapas: a primeira em fevereiro de 2022, validando o valor das novas outorgas de concessão; e a segunda em maio do mesmo ano, confirmando a estruturação final do processo. Como parte da reestruturação, a participação da Eletrobras na Itaipu Binacional foi segregada e o controle da Eletronuclear transferido para a estatal Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A.- ENBPar.
Em 14 de junho de 2022, a capitalização da Eletrobras foi oficializada na Bolsa de Valores de São Paulo, tornando-a uma corporação de capital pulverizado, sem um acionista controlador definido. Desde então a empresa contribui para os sistemas de geração e transmissão de energia do Brasil por meio de suas subsidiárias Eletrobras CGT Eletrosul, Eletrobras Chesf e Eletrobras Eletronorte. Também controla a Eletrobras Participações S.A. - Eletropar. Em julho de 2024, a subsidiária Eletrobras Furnas foi incorporada à estrutura da holding.