Os estudos sobre história urbana no Brasil não examinavam em detalhe a conjugação entre os fenômenos da urbanização e da produção e consumo de energia elétrica. Em consequência, as fecundas possibilidades de análise que a articulação entre esses dois termos oferece não eram consideradas. No entanto, tal articulação é bastante evidente no Rio de Janeiro do início do século XX. Na época a cidade passou por um amplo movimento de reformas urbanas, com a abertura de grandes vias e a modernização do porto, a expansão da telefonia e do transporte coletivo por meio de bondes elétricos e a implantação da iluminação elétrica pública e particular. Esta obra acompanha a construção do Rio de Janeiro enquanto metrópole sob o signo da eletricidade, abordando vários temas: a expansão dos meios de transporte e dos serviços de iluminação e seu impacto sobre a malha urbana; o fornecimento regular de energia elétrica como força motriz para as indústrias e seus desdobramentos para a economia da cidade; a evolução de certas formas de sociabilidade, em particular aquelas referentes ao lazer do carioca; e a verticalização dos edifícios e as mudanças nos hábitos domésticos que criaram um novo conceito de morar.