Conectando os fios da invenção

Doação do arquivo pessoal do mecânico eletricista e inventor Antônio Gomes de Oliveira

Postado em 22/04/2024
Bruna Martoni

Formada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é mestre em Memória e Acervo pelo Programa de Pós-Graduação em Memória e Acervos da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). Atua como documentalista e historiadora no acervo histórico da Memória da Eletricidade desde 2016, desempenhando atividades relacionadas à preservação, pesquisa e produção de conteúdos relacionados a acervos e memória.

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Antônio Gomes de Oliveira, nascido em 15 de novembro de 1889, no estado da Bahia, foi foguista extranumerário da Marinha do Brasil no Encouraçado Deodoro, em 1907, e fez parte da Revolta da Chibata, sendo anistiado em 25 de novembro de 1910.

Diplomado pela Inspetoria Geral de Iluminação, ocupou o cargo de primeiro mecânico eletricista na Câmara dos Deputados, em agosto de 1926, na cidade do Rio de Janeiro. Tornou-se mais tarde o eletricista chefe do Palácio Tiradentes. Nesse mesmo local, Antônio Gomes de Oliveira aposentou-se, em 1958, com mais de 35 anos de serviço como Inspetor de Segurança.

Mesmo aposentado, continuou prestando serviços no setor das instalações elétricas no Palácio Tiradentes. Com o título de funcionário aposentado mais idoso, fundou a Associação dos Funcionários Aposentados do Congresso Nacional. Não se limitando à sua atuação na Câmara dos Deputados, o mecânico eletricista investiu esforços na criação de um mecanismo acumulador e transformador motriz de força mecânica natural, que levou o nome de “Motriz Universal”. A invenção do equipamento tinha como objetivo gerar energia motriz por meio de uma manivela.

O artefato foi devidamente registrado pelo seu inventor na Diretoria Geral da Propriedade Industrial, em 21 de junho de 1929. Em 2022 a Memória da Eletricidade recebeu a doação do acervo pessoal de Antônio, que é composto por documentos textuais e tridimensionais, produzidos e acumulados pelo titular, que evidenciam suas atividades, processos e funções tanto no âmbito pessoal quanto profissional. Entre os itens estão plantas relativas à sua atuação enquanto eletricista, recortes de jornal que registram sua trajetória profissional e desenhos técnicos de um protótipo de mecanismo acumulador e transformador motriz de força mecânica natural, registrado com o nome de Máquina Motriz Universal.

Tratamento técnico

Após receber o material, foi iniciado o processamento técnico dos documentos, começando por um diagnóstico qualitativo. Em seguida, foi desenvolvido um inventário dos itens doados, registrando a procedência do material para formalizar a doação. A prática da quarentena foi adotada para proteger os demais acervos da instituição de possíveis agentes externos que poderiam comprometer o patrimônio documental.

Posteriormente, iniciado o processo de preservação preventiva do material, que incluiu desmetalização, higienização (remoção de sujeiras com trinchas) e acondicionamento em envelopes de preservação, de acordo com as necessidades de cada tipo de suporte documental. Para compreender o contexto de produção e acumulação dos documentos, foi feito um levantamento de informações sobre o titular do acervo.

A Memória da Eletricidade custodia e preserva o mecanismo, seguindo as diretrizes de preservação e conservação a fim de garantir a integridade física e a longevidade do artefato histórico. Toda esta documentação foi descrita e indexada e já se encontra disponível para consulta clicando aqui.

Bruna Martoni

Formada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é mestre em Memória e Acervo pelo Programa de Pós-Graduação em Memória e Acervos da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). Atua como documentalista e historiadora no acervo histórico da Memória da Eletricidade desde 2016, desempenhando atividades relacionadas à preservação, pesquisa e produção de conteúdos relacionados a acervos e memória.