As usinas termelétricas desempenharam um papel crucial no desenvolvimento das economias ao redor do mundo e na consolidação dos sistemas de geração de eletricidade. Desde o final do século XIX, elas possibilitaram a expansão da industrialização, promovendo o acesso à energia em larga escala. No Brasil, as termelétricas foram fundamentais no suprimento de eletricidade durante períodos de seca e também para atender às demandas de um sistema em crescimento acelerado, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, marcadas por investimentos significativos em infraestrutura energética.

Historicamente, algumas das principais usinas térmicas brasileiras foram a Usina Termelétrica de Cubatão, em São Paulo, e a Usina Termelétrica Presidente Vargas, no Rio de Janeiro. Operadas inicialmente pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), essas plantas desempenharam um papel essencial no fornecimento de energia para setores industriais e urbanos. A Usina de Cubatão, por exemplo, chegou a ter uma capacidade instalada de aproximadamente 450 MW na década de 1980, enquanto a Presidente Vargas era um dos principais suportes energéticos para o parque industrial fluminense. Essas plantas ajudaram a consolidar a matriz elétrica brasileira durante períodos críticos, garantindo a continuidade do desenvolvimento econômico.

No âmbito global, países como os Estados Unidos e a Alemanha também se apoiaram nas usinas movidas a carvão, óleo e gás natural para impulsionar suas economias. Essas plantas, devido à sua confiabilidade e capacidade de operar continuamente, foram um pilar para a criação de redes elétricas robustas. Contudo, a dependência de combustíveis fósseis trouxe um custo ambiental elevado. As emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), contribuíram significativamente para o aquecimento global, tornando claro que o modelo de geração baseado em combustíveis fósseis precisava evoluir.

As usinas termelétricas hoje

Hoje, as usinas termelétricas continuam a desempenhar um papel importante no fornecimento de energia, mas sob uma ótica diferente. Elas são cada vez mais utilizadas como fontes de suporte em sistemas elétricos, garantindo estabilidade quando fontes intermitentes, como solar e eólica, não estão disponíveis. No Brasil, em um sistema majoritariamente hidrotérmico, as termelétricas são acionadas especialmente em momentos de escassez hídrica, evidenciando sua relevância como reserva estratégica.

Tecnologias mais eficientes, como turbinas a gás de ciclo combinado, que reutilizam calor para gerar energia adicional, estão ajudando a reduzir a pegada de carbono das plantas térmicas. Além disso, inovações em captura e armazenamento de carbono (CCS) estão sendo exploradas para mitigar as emissões. Apesar desses avanços, é consenso que as termelétricas não podem ser a solução de longo prazo para sistemas energéticos sustentáveis.

A importância de uma transição energética limpa e justa

A transição para um sistema de energia mais limpo é uma necessidade urgente para enfrentar a crise climática. Reduzir a dependência de combustíveis fósseis e ampliar a participação de fontes renováveis, como solar, eólica e biomassa, são prioridades globais. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), para alcançar a meta de emissões líquidas zero até 2050, é fundamental descarbonizar rapidamente o setor elétrico, que responde por uma parte significativa das emissões globais.

No entanto, a transição deve ser também justa. Milhões de trabalhadores dependem direta ou indiretamente das cadeias produtivas associadas às termelétricas, especialmente em regiões onde a indústria de combustíveis fósseis é predominante. Planos de transição devem incluir programas de requalificação profissional, investimentos em novas indústrias limpas e apoio econômico para as comunidades afetadas.

No Brasil, projetos de energia solar em antigas regiões mineradoras de carvão, como em Santa Catarina, são exemplos de como a transição pode beneficiar populações locais. Globalmente, iniciativas como a "Powering Past Coal Alliance", que busca acelerar o abandono do carvão, demonstram o compromisso de governos e empresas em promover um futuro energético mais limpo.

Historicamente

O papel histórico das usinas termelétricas é inegável, mas o futuro do setor elétrico aponta para um sistema baseado em fontes renováveis e tecnicamente avançadas. A transição energética é uma oportunidade de reconstruir sistemas de energia de forma mais sustentável, ao mesmo tempo em que assegura a inclusão social e econômica. Esse movimento não é apenas uma questão de tecnologia, mas de responsabilidade ambiental e compromisso com as gerações futuras.

Para conhecer mais:

No acervo da Memória da Eletricidade é possível consultar imagens históricas de diversas usinas térmicas muito importantes.

Usinas termelétricas e subestação no Rio Grande do Sul

Aspectos da Construção da Usina Termelétrica Manaus II

Usinas Hidrelétricas e Termelétricas da Eletrosul