Acervo

José Luiz Alquéres

31/03/1944
verbete atualizado em: 03/12/2024

Informações Gerais

Local de nascimento
Rio de Janeiro - DF
Verbete

José Luiz Alquéres nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 31 de março de 1944, filho de Hugo Vitorino Alquéres Baptista e Eunice Aché Pillar Alquéres Baptista. Seu pai, médico cardiologista, seguiu carreira no serviço público, desempenhando diversas funções nos ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência e Assistência Social na década de 1970.

Alquéres estudou no Colégio Santo Inácio e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), formando-se em Engenharia Civil em 1966. Ainda estudante, teve a primeira experiência de trabalho no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em 1967, viajou aos Estados Unidos com bolsa de estudos para estágio em Planejamento Urbano e Regional em prefeituras e órgãos públicos norte-americanos. Ao regressar ao Brasil, foi contratado como professor da PUC, onde lecionou por sete anos. No início da carreira profissional, trabalhou também em firmas de engenharia, como a Sondotécnica e a Severo & Villares, e no Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU)

Alquéres iniciou curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), interrompido em 1968. Prosseguiu sua formação, realizando curso de extensão em planejamento e desenvolvimento da Organização dos Estados Americanos (OEA) e o curso de mestrado em Planejamento Urbano e Regional da UFRJ.

Em 1972, ingressou na Eletrobras, ponto de partida de sua longa carreira no setor elétrico brasileiro. Em 1978, sob a liderança de Arnaldo Rodrigues Barbalho, então presidente da Eletrobras, participou do trabalho denominado Projetos Especiais da Eletrobras, que criou uma base referencial para ações no setor elétrico na década seguinte. Na mesma época, colaborou nos estudos que resultaram na criação da Fundação Nacional Pró-Memória, entidade da qual faria parte, como membro do Conselho Curador, entre 1985 e 1990.

Em 1979, realizou pós-graduação em planejamento energético na Universidade de Chicago. Afastou-se da Eletrobras em 1979 para ocupar a Diretoria-Adjunta de Planejamento e Distribuição Comercial da Light Serviços de Eletricidade, após a compra da concessionária pela empresa holding federal, em operação que marcou a quase completa estatização do setor. Durante sua passagem pela Light, criou a Superintendência de Eletrificação de Interesse Regional, responsável pelo programa de eletrificação das favelas do Rio de Janeiro, e a Superintendência de Racionalização Energética. Participou de várias missões de cooperação internacional e de estágio em tarifação pelo custo-marginal na Electricité de France -EDF, em Paris.

De volta à Eletrobras em 1983, assumiu a função de assistente da Diretoria de Planejamento e Engenharia e a Secretaria-Executiva do Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos (GCPS), tornando-se um dos mais próximos colaboradores do engenheiro Mario Penna Bhering, quando este voltou a exercer a presidência da Eletrobras em 1985.

 Alquéres atuou como coordenador-adjunto dos trabalhos de elaboração do chamado Plano 2010, aprovado como referência básica do planejamento do setor de energia elétrica por decreto do presidente José Sarney em 1988. Também participou dos estudos de avaliação do projeto de brasileiro-argentino sobre o aproveitamento hidrelétrico de Garabi, no rio Uruguai. Além disso, ajudou a criar o Centro da Memória da Eletricidade no Brasil.

Em fevereiro de 1988, licenciou-se da Eletrobras para presidir a Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro (Cerj). Exerceu o cargo por quase um ano, atuando em seguida por breve período como subsecretário de Planejamento e Coordenação do governo fluminense.

Novamente na Eletrobras em fevereiro de 1989, assumiu o cargo de diretor de Planejamento e Engenharia. Nessa condição, coordenou a elaboração do Plano Diretor de Meio Ambiente, dos estudos para interligação dos sistemas elétricos da Bacia do Prata e da região Norte do país com a Venezuela e dos estudos de desenvolvimento tecnológico visando à expansão do parque gerador brasileiro, com maior presença na geração térmica.

Em 1991, foi eleito presidente do Comitê Brasileiro do Conselho Mundial de Energia (CME), fórum composto por líderes e profissionais de energia de quase 100 países, conhecido internacionalmente como World Energy Council (WEC), permanecendo à frente do comitê brasileiro até 1998.

Nomeado Secretário Nacional de Energia em agosto de 1992, deixou o cargo em novembro do mesmo ano, passando a integrar a diretoria do BNDES Participações (BNDESPar).

Em março de 1993, assumiu a presidência da Eletrobras, por designação do presidente Itamar Franco. À frente da empresa federal, cuidou especialmente do processo de processo de modernização e saneamento financeiro do setor elétrico nos termos propostos pela Lei nº 8.631, que suprimiu o regime de remuneração garantida e a equalização tarifária ao mesmo tempo que reconheceu créditos da ordem de 20 bilhões de dólares das concessionárias junto à União. O problema da dívida entre as concessionárias e destas com a União foi resolvido mediante complexa operação contábil concluída em junho de 1994.

A gestão de Alquéres na Eletrobras também foi marcada pelo empenho em promover a participação do capital privado na expansão do parque gerador de energia elétrica e por grande expectativa em relação à desestatização das empresas do grupo Eletrobras. Alquéres foi um dos principais idealizadores do Sistema Nacional de Transmissão de Energia Elétrica (Sintrel), instituído com o objetivo de atrair investimentos privados em geração mediante a abertura da malha de transmissão das subsidiárias da Eletrobras.

Alquéres deixou a presidência da holding federal em dezembro de 1994, passando a atuar na iniciativa privada. Em 1995, tornou-se diretor-executivo da companhia Bozano, Simonsen e presidente do Conselho de Administração da Espírito Santo Centrais Elétricas (Escelsa) após a privatização da concessionária. Em 1999, após deixar o grupo Bozano, Simonsen, fundou a JL Alquéres Engenharia Consultiva.

Em abril de 2000, assumiu a presidência da Alstom Brasil Ltda., empresa multinacional fabricante de turbinas, geradores, equipamentos de transmissão e de distribuição e material de transporte metroviário.

Foi um dos principais articuladores do consórcio Rio Minas Energia (RME) que, em março de 2006, firmou acordo com a Electricité de France para a aquisição do controle acionário das empresas do grupo Light, nomeadamente a Light Energia (geração e transmissão), a Light Serviços de Eletricidade (concessionária de distribuição no Rio de Janeiro) e a Light Esco (comercializadora). Em agosto de 2006, após deixar a presidência da Alstom Brasil, assumiu o cargo de Diretor-Presidente do grupo Light, como representante do consórcio RME, composto pela Cemig, Andrade Gutierrez Concessões (AG Concessões), Pactual Energia Participações (Pactual Energia) e Luce Brasil Fundo de Investimento em Participações (Luce).

Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) de 2009 a 2011, Alquéres tornou-se editor, publicando mais de 80 livros pela Edições de Janeiro, que fundou em 2014.

Entre julho de 2016 e abril do ano seguinte, presidiu o Conselho de Administração da Eletrobras, tornando-se em seguida presidente do Conselho de Administração da Energisa. Foi membro dos Conselhos de Administração de outras grandes empresas de energia, como a Itaipu Binacional, Chesf, Eletrosul, Cesp, CPFL, Cemig e EDP Brasil.

Colaborador de diversas instituições culturais, como a Casa Stefan Zweig e a Sociedade de Amigos do Museu Imperial, em Petrópolis, foi eleito membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) em 2022.

Atualmente é Vice-presidente do Conselho Empresarial de Energia Elétrica da Firjan, Presidente do Conselho Estratégico da Casa Firjan, membro do Conselho Consultivo de Sustentabilidade da Norte Energia e Vice-presidente do Instituto EDP Cultural.

Entre suas obras publicadas, contam-se Petrópolis, com ilustrações de Mario Bhering (2002), Três mil anos de política (2020), Uma crônica da ciência no Ocidente (2023). Foi editor e colaborador dos livros Infraestrutura de energia e transporte: um desafio para o Brasil (2005) e Classe de 61’ Colégio Santo Inácio (2018).

Entre os livros publicados pela Memória da Eletricidade com depoimentos de José Luiz Alquéres para o programa de história oral da entidade, contam-se:  O planejamento da expansão do setor de energia elétrica: a atuação da Eletrobras e do Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos (2002), Energia elétrica e integração na América do Sul (2004) e José Luiz Alquéres, depoimento biográfico (2024).

Imagem: Acervo Memória da Eletricidade/Autor desconhecido

Trajetória profissional
  • 1972 - Ingresso na Eletrobras
  • 1974-1978 - Eletrobras - Chefe-Adjunto do Departamento de Estudos de Mercado;
  • 1979-1983 - Light - Diretor-Adjunto de Planejamento e Distribuição Comercial;
  • 1988-1989 - Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro - Cerj - Presidente;
  • 1989-1992 - Eletrobras - Diretor de Planejamento e Engenharia;
  • 1992-1992 - Ministério de Infraestrutura - Secretário Nacional de Energia;
  • 1993-1994 - Eletrobras - Presidente;
  • 1995-1998 - Companhia Bozano Simonsen Comércio e Indústria - Diretor Executivo;
  • 1999 - JL Alquéres Engenharia Consultiva;
  • 2000 - 2006 - Alstom Brasil - Presidência;
  • 2006 - 2009 - Light - Diretor-Presidente;
  • 2009 - 2011 - Associação Comercial do Rio de Janeiro - ACRJ - Presidente;
  • 2016- 2017 – Eletrobras – presidente do Conselho de Administração.


Formação Acadêmica
  • 1966 - Engenharia Civil - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RJ;
  • 1972 - Mestrado em Planejamento Urbano e Regional - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (GB);
  • 1979 - Universidade de Chicago - Pós-Graduação em Planejamento Energético.
Identificador
16738
Texto para histórico

Biografia elaborada por Paulo Brandi no ano de 2008 e atualizada em 2024. 

Descritor de75
Entrada principal de
Entrada secundária de