Eletrosul, passado & presente

Postado em 23/12/2020
Paulo Brandi

Graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), iniciou carreira profissional no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É pesquisador da Memória da Eletricidade desde 1987, onde coordenou diversos trabalhos publicados pela instituição, entre os quais, "Eletrificação rural no Brasil: uma visão histórica".

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Geração Hidrelétrica Mauá. Foto: site da Eletrosul

Há 52 anos, às vésperas do Natal de 1968, a Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul) foi criada em solenidade realizada no escritório central da Eletrobras no Rio de Janeiro, que contou com a presença do ministro das Minas e Energia, general José Costa Cavalcanti, e dos dirigentes das principais empresas federais de energia elétrica, entre os quais, Mario Bhering (Eletrobras), John Cotrim (Furnas) e Apolônio Sales (Chesf). Em 23 de dezembro, já empossada a diretoria, a Eletrosul ganhou a escritura de constituição, firmada por representantes da Eletrobras e da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), responsáveis pela subscrição da quase totalidade das ações da companhia. 

Começava ali, no limiar do ano novo, a trajetória de uma das mais importantes empresas do setor elétrico brasileiro, responsável pela realização de grandes aproveitamentos hidrelétricos e linhas de transmissão do Sistema Interligado Nacional. Após sucessivas mudanças institucionais, que incluíram a privatização de seu parque gerador em 1998, a Eletrosul juntou-se à Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), em 2020, para formar a Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil (CGT Eletrosul).

Expansão para a região Amazônica

Tendo com primeiro presidente o engenheiro gaúcho Mário Lannes Cunha, a Eletrosul foi autorizada a funcionar em abril de 1969, iniciando extenso programa de obras de geração e transmissão de energia que mudaram por completo o panorama da indústria de eletricidade no Sul do país. Presente no Mato Grosso do Sul a partir de 1980, a empresa ampliou seu espaço de atuação na primeira década do século XXI, firmando parcerias para a consecução de grandes empreendimentos hidrelétricos na região Amazônica, nomeadamente as usinas de Jirau e Teles Pires.

De imediato, a Eletrosul integrou o quadro de subsidiárias regionais da Eletrobras, juntamente com a Chesf, empresa supridora de energia no Nordeste, e Furnas, que desempenhava papel análogo no Sudeste e no Centro-Oeste. Seu parque elétrico cresceu em ritmo acelerado até 1982, quando atingiu a marca de 3.222 MW de capacidade geradora, correspondentes a 47% de toda a potência instalada nos quatro estados que compunham sua área de atuação. Essa expansão foi assegurada basicamente pelas usinas de Salto Osório e Salto Santiago, localizadas no rio Iguaçu, estado do Paraná, e pela ampliação da usina Jorge Lacerda, termelétrica a carvão em Santa Catarina. 

Quinta maior hidrelétrica do país

Isoladamente ou em parceria com outros empreendedores, a Eletrosul teve uma participação proeminente em leilões de geração e transmissão promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2008, a companhia integrou o consórcio vencedor do leilão da usina de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia. Inaugurada em 2013, Jirau possui potência instalada de 3.750 MW, destacando-se como quinta maior hidrelétrica do país. A usina de Teles Pires, localizada no rio de mesmo nome, na divisa dos estados de Mato Grosso e Pará, entrou em operação em 2015, atingindo a capacidade final de 1.820 MW dois anos depois.

Em janeiro de 2020, a Eletrobras promoveu a união entre a Eletrosul e a CGTEE, proprietária de quatro usinas a carvão no Rio Grande do Sul, uma das quais desativada (Presidente Médici) e as demais em fase de desmobilização. Assim surgiu a sucessora da Eletrosul, designada CGT Eletrosul, com sede em Florianópolis, aglutinando os ativos de geração e transmissão das duas empresas, vale dizer, mais de 12 mil km de linhas de transmissão, 46 subestações e uma matriz energética predominantemente limpa, proveniente de fontes hídrica, eólica e solar.

Referências:

CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BARSIL. Panorama do setor de energia elétrica no Brasil=Panorama of electric power sector in Brazil. 2. ed. Rio de Janeiro, 2006

ELETROSUL é a mais nova subsidiária. Jornal Eletrobras. Rio de Janeiro. Ano III, nº 13, Jan.-Fev. 1969.

ELETROSUL 50 anos. Rio de Janeiro: Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, 2018.

GODOI, Maurício. Eletrobras cria nova subsidiária para região Sul. Canal Energia, 2 jan. 2020. Disponível em:

https://www.canalenergia.com.br/noticias/53122631/eletrobras-cria-nova-subsidiaria-para-regiao-sul Acesso em 20 de dezembro de 2020

Portal CGT Eletrosul 

http://www.eletrosul.gov.br/a-empresa/quem-somos/historico/-cgt-eletrosul

Acesso em 20 de dezembro de 2020

Eletrosul 50 Anos, publicação da Memória da Eletricidade.

Paulo Brandi

Graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), iniciou carreira profissional no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É pesquisador da Memória da Eletricidade desde 1987, onde coordenou diversos trabalhos publicados pela instituição, entre os quais, "Eletrificação rural no Brasil: uma visão histórica".